Justa Nobre é um nome conceituado da cozinha portuguesa, expoente máximo dos sabores lusos. Nascida no coração de Trás-os- Montes, esta chef transportou a alma e o sabor da cozinha tradicional portuguesa para a capital. Não demorou muito até inaugurar o seu próprio espaço que, desde então, se tornou numa referência da gastronomia portuguesa.
Conhecida por reinventar a boa cozinha portuguesa, Justa Nobre sempre teve a preocupação de utilizar produtos novos e de qualidade na confeção das suas receitas.
Tornou-se cozinheira aos 21 anos. Como pertencia a uma família de sete irmãos e vivia na aldeia, Justa explica que naquela época ainda eram só as mulheres que cozinhavam, “desde pequenina que vinha da escola e destapava as panelas para provar as refeições e, já na altura, dizia se faltava sal ou algum tempero, já tinha um paladar muito bom” descreve. Na dúvida entre duas vocações bem distintas, ser enfermeira ou cozinheira, a cozinha falou mais alto.
Isto passava-se há 40 anos. Hoje, Justa relembra que gostava muito de cozinhar e sempre gostou de desafios. O marido adorava hotelaria, por isso juntaram o útil ao agradável e, enquanto Justa se debruçou sobre a cozinha, o marido deixou o cargo de empregado de escritório para se tornar chef de sala. “Fomos os dois nessa grande aventura” remata a chef.
O restaurante começou logo a ter clientes com poder de compra e a evolução foi quase automática, “passamos a ter bife de lombo, peixe mais caro, levava produtos para o restaurante para experimentar novos pratos e sempre tive uma cozinha muito intuitiva” sublinha Justa Nobre.
Quando me perguntam o que gosto de fazer quando estou triste, eu digo , o que gosto de fazer quando estou feliz , eu sinto-me mesmo bem na cozinha
Justa descreve-se como uma pessoa muito frontal, muito ligada à família e com forte sentido de ajuda. Nunca tirou cursos mas sempre andou em competição com ela mesma. Em 1988 teve o seu próprio espaço, em 1990 abriu o primeiro restaurante intitulado “Nobre”, na Ajuda. A teimosia de querer fazer sempre melhor, levou Justa a ter uma cozinha 100% portuguesa: vai desde um bom croquete a um bom pastel de massa tenra, a um bom lavagante a uma boa cataplana de marisco, “gosto de trabalhar cozinha portuguesa porque ela tem muito para nos dar” realça.
Para uma mulher, este mundo gastronómico exige muitos sacrifícios “o esforço maior que eu fiz foi quase não criar o meu filho, isso é uma dor enorme, mas trabalhava para o meu filho ter uma vida melhor”. A chef não deixa de confessar “o crescer sozinha dá-nos força porque acabamos por perder o medo, mas é muito cansativo, eu sempre fui o capitão do meu navio”. Hoje em dia, a vida está mais facilitada uma vez que já partilha a cozinha a tempo inteiro com as irmãs, com o marido, com o cunhado e com o filho.
Considera que o ato de criar é lindo, e orgulha-se de ter um serviço de mesa muito discreto, no qual conseguem juntar conceitos mais requintados ou mais casuais.