A revista de referência mundial no setor do vinho, Wine Advocate, distinguiu três vinhos da Herdade dos Grous e da Quinta e Valbom sob a alçada do reconhecido enólogo Luís Duarte. Esta distinção sublime é fruto de todo o trabalho desenvolvido, que tem procurado produzir vinhos de alta qualidade da região do Alentejo e do Douro.
Um vinho que acompanhe a comida, que seja gastronómico, elegante e que dê prazer a beber. Esta é a descrição perfeita do vinho que Luís Duarte deseja. Vamos recuar alguns anos até à história. Ser enólogo surgiu por acaso. Luís nunca teve essa tradição na família, mas há algo que pode justificar a vocação. Veio de Angola com a sua família em 1974, perderam tudo o que tinham e começaram de novo, “quando vivia em Angola, a minha família trabalhava com fazendas muito grandes, produziamos batata, banana… penso que este carinho pela terra que tenho hoje, adquiri-o em África” refere. A verdade é que toda a sua infância foi passada dentro da fazenda. Quando voltou para Portugal, com 9 anos, continuou nesse registo porque o destino fê-lo parar numa região onde há forte produção de vinho. O que fez? Canalizou o seu interesse pela agricultura para a área da viticultura e enologia.
Em 2002 foi convidado para integrar a equipa da Herdade dos Grous, começou apenas como consultor e, em 2004, mudou para full time, começando a plantar vinhas, “aqui tive a sorte de, desde o início, conseguir ganhar prémios, durante dois anos consecutivos, ganhei o prémio de melhor vinho do Alentejo” destaca. Sorte ou dedicação, esta distinção fortaleceu a marca. Mas desengane-se se pensa que este setor é fácil. Quando chegou ao Baixo Alentejo, Luís Duarte deparou-se com um desafio, “conseguir fazer vinhos com o perfil que eu ambicionava numa região onde de produziam maioritariamente cereais”. E conseguiu.
“A minha maneira de ver o vinho prende-se com algo que nos dê prazer”
Neste momento, na Herdade dos Grous, há cerca de 90 hectares de vinha, e os vinhos estão em todos os segmentos de alta qualidade. Comercializam cerca de 40% para mercados externos, onde se destacam: Alemanha, Brasil e Suíça. Com o desenvolvimento do negócio, a família Pohl, proprietária da Herdade dos Grous, pensou em expandir para outras regiões. A escolha prendeu-se com o facto de considerar que é uma região de referência para quem faz vinho em Portugal.
Em 2012, os Pohl e Luís Duarte encontraram a Quinta de Valbom, em Canelas, concelho de Peso da Régua. A Quinta foi adquirida em Junho e em Agosto Luís Duarte estava já a fazer a primeira vindima.
“Neste momento estamos com 50 hectares no Douro, parte dessa vinha é muito velha que tem mais de 100 anos onde fazemos vinhos extraordinários”
O objetivo da Herdade dos Grous é expandir não só no Alentejo e no Douro, que são as principais regiões, mas também apostar em outras regiões, desde que nelas seja possível fazer bons vinhos. Atualmente, no Alentejo, na Herdade dos Grous trabalha essencialmente com castas portuguesas, “temos apenas uma marca com o nosso nome e dentro desta marca há dois vinhos – um branco e um tinto e os seus respetivos reservas. Fazemos também dois vinhos tintos especiais que são o Moon Harvested e o 23 Barricas” afirma o enólogo.
Agora que já conhecemos a história, vamos aos prémios. Distribuídos em Portugal pela PrimeDrinks, os vinhos da Herdade dos Grous continuam a conquistar as preferências da crítica, o que é um incentivo para continuarem a produzir vinhos de alta qualidade. Exemplo disso é a Herdade dos Grous 23 Barricas e o Moon Harvested, que pelo seu conceito e perfil se tornaram vinhos célebres e muito procurados por enófilos e outros apreciadores de vinhos.
Queremos ser o melhor parceiro de cada região, queremos crescer e desenvolver com ela”
Luís Duarte tem uma ambição: “manter uma equipa de enólogos coesa que faz parte de uma só filosofia e desse modo continuar a levar a cabo os vários projetos em cada uma das regiões onde já fazemos vinhos e nas que iremos iniciar no futuro”. Acrescenta, “Considero que os enólogos são a base de um grande projeto de enologia”
Projeto de Biodiversidade
Atualmente, a Herdade dos Grous e a Quinta de Valbom têm uma forte aposta na sustentabilidade e na biodivesidade. A Herdade dos Grous é membro do Plano de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo, que visa a implementação de boas práticas na vinha, adega e responsabilidade social. Sabendo da existência de inúmeras soluções sustentáveis que podem melhorar as vinhas sem recurso a químicos, Luís Duarte garante que o caminho é por aqui. “Na minha opinião, a sustentabilidade e biodiversidade são a grande resposta a estes problemas” realça.
O setor vitivinícola está a viver um momento alto, com os grandes mercados, como EUA, Canadá, Suíça, Bélgica, Alemanha, Brasil, a procurar cada vez mais o vinho nacional, “houve finalmente um despertar nos mercados internacionais para os vinhos portugueses, constatando-se que Portugal tem grandes vinhos. Temos que aproveitar isso.” refere o enólogo, dizendo que há grandes players neste setor. Mas, para chegarem à liga dos campeões mundiais de vinho, é preciso dar mais passos. Em jeito de conclusão, Luís Duarte diz esperar ver Portugal ser reconhecido mundialmente como um país produtor de grandes vinhos. “É com este objetivo que acordo todos os dias”, finaliza.