AgroAguiar é a empresa conhecida por fornecer a melhor fruta portuguesa cultivada e processada sob as mais exigentes certificações de origem e qualidade. Fundada em 2007 em Saboroso de Aguiar, no coração de Trás-os-Montes, a empresa do interior cultiva, adquire, processa e distribui frutos secos e congelados para o mercado nacional e internacional. Hoje, orgulha-se de adquirir mais de 90% da fruta em Portugal através de uma relação de proximidade com agricultores e cooperativas locais. Rodrigo Reis, administrador, conta-nos um pouco deste caminho de sucesso.
Como nasce a Agroaguiar?
Foi fundada em 2007 e visava, sobretudo, fazer o escoamento dos frutos secos da região onde está localizada que é em Trás-os-Montes. Entretanto, cedo percebemos que este investimento sazonal deveria ser alargado e fizemos um investimento nas instalações para aumentar a capacidade instalada porque podíamos trabalhar outro tipo de produtos.
Que outros produtos decidiram implementar no negócio?
Produtos que não fossem só oriundos da região, mas que viessem também do sul de Portugal. Aí começamos a desenvolver a nossa estratégia com base no fornecimento às indústrias e ao retalho de produtos congelados. Nós somos especialistas no processamento de produtos congelados, fazemos a ligação entre o campo e a indústria, adquirimos em fresco todos os nossos produtos e depois temos duas unidades fabris de processamento, uma só dedicada ao processamento de frutos secos e à transformação de castanha para fazermos castanha congelada e outra unidade especificamente criada para o processamento e congelação de outro tipo de frutos.
São especialistas em frutos vermelhos congelados, como avalia este nicho?
Os frutos vermelhos têm tido uma tendência de consumo crescente na nossa sociedade, quer em Portugal, quer fora. Nesse sentido, a nossa estratégia tem sido termos cada vez mais especialistas no processamento de frutos vermelhos congelados que depois vão para a indústria sob a forma de produtos transformados como sumos, compotas, iogurtes ou gelados. Mas também o mercado grossista que estamos a trabalhar com a private label da Makro, onde temos uma oferta de frutos portugueses congelados muito alargada.
Qual é o vosso best seller?
O mix de frutos vermelhos, que se destina à Makro, tem tido um crescimento impressionante.
Qual é a importância da vossa ligação com a Makro Portugal?
A Makro é o nosso principal cliente na área grossista de frutos congelados, e para nós que somos uma pequena empresa localizada no interior de Portugal e, por vezes, esquecida pelos organismos públicos, tem um impacto muito grande nas nossas vendas. A Makro acaba por ser um cliente-parceiro e temos vindo a projetar a introdução de novos frutos sempre que há novas oportunidades de processamento industrial. E a Makro tem abraçado grande parte dessas inovações e dessa forma contribui para ajudarmos mais a economia dos produtores nacionais.
A questão do desperdício dos frutos é tida em conta?
Claro, trabalhamos numa lógica de economia circular, sustentável, acabamos por dar vida a produtos que no passado seriam descartados com a melhor das qualidades. Aproveitamos o excesso de produção que por vezes os agricultores têm, com produtos de qualidade elevada e fazemos a direção do processamento industrial dessa fruta para ser vendida a retalho.
A inovação é algo que vos distingue?
A inovação é fundamental na empresa e o dinamismo que aqui existe é muito forte. Somos nós que procuramos e tentamos encontrar novos frutos, com soluções diferentes para serem aplicados a novos produtos.
Como descreve a seleção e distribuição dos produtos?
É muito rigorosa. Desde muito cedo, começamos a trabalhar nos dossiês de certificação quer a nível do sistema de produção, quer a nível do sistema de qualidade dos produtos. Somos certificados, desde muito cedo, para conseguir chegar a clientes como a Makro e a clientes de exportação, que têm a sua importância. A ligação das empresas portuguesas com o mercado da saudade é forte e aqui acabamos por competir com grandes empresas do setor mundial e tentamos, à medida das nossas possibilidades e dimensão, competir em determinados artigos. Na exportação, o principal mercado é a Suíça, que tem um rigor de qualidade reconhecido.
Este caminho que a Agroaguiar tem traçado é de sustentabilidade?
Completamente, nós tentamos sempre olhar para o nosso negócio nessa lógica. Recentemente, estamos a fazer um investimento numa estação de tratamento de águas para reutilização industrial, ou seja, preocupa-nos muito a questão de gestão dos resíduos e da pegada ambiental que o nosso processo deixa. Os nossos subprodutos são produtos que não vão ser comercializados, estão a ser entregues numa central de compostagem aqui da região, de forma a que continuem a ter vida num adubo orgânico para a agricultura. Tentamos fazer uma gestão muito rigorosa de todos os nossos produtos, tentamos dar sempre uma outra vida ao lixo, acrescentando valor, numa lógica de consciência ambiental.
Quais os projetos futuros da empresa?
Estamos a estudar fortemente a castanha. É o produto core da empresa e, neste caso, o objetivo é deixarmos o congelado e fazermos o processamento de pastas e purés, onde queremos lançar a pasta de castanha e aí a Makro encaixa que nem uma luva. Nós na castanha, temos a castanha de primeira qualidade que é aquela que fornecemos à Makro e depois há uma castanha de segunda, que vai acabar em indústrias que fazem pastas que são dedicadas ao mercado HoReCa. Não há nenhuma empresa em Portugal a fazer este processo no âmbito industrial, e sendo Portugal um grande produtor de castanha faria todo o sentido que a AgroAguiar, enquanto operador, pudesse avançar com esta segunda transformação do produto, de forma a introduzi-lo no quotidiano gastronómico. A ideia é apresentar este produto com um preço competitivo e, tendo em conta a sazonalidade dos frutos, isto permite-nos manter uma atividade equilibrada durante todo o ano. O objetivo da empresa é servir aos clientes os melhores frutos congelados nacionais ao longo do ano. E felizmente temos conseguido.